quinta-feira, 7 de junho de 2012

Capítulo 2 (Continuação) - Grandes descobertas

 Acho que nunca tomei um susto tão grande na minha vida. Foi um barulho alto, ninguém sabe de que lado veio. E então, para maior espanto ainda, um homem apareceu do nada na sala da casa. Tinha cabelos brancos, espetados para cima. Usava uma camiseta preta e uma calça jeans azul. E algo brilhava ao seu redor. Seus olhos verdes claros pareciam sorrir para nós, assim como sua boca nitidamente, sorria para nós. Então, ele falou, e da sua boca saiu uma voz suave, porém não era apenas uma voz... Pareciam duas, ou três vozes falando ao mesmo tempo, o que me deu arrepios:
  - Olá! Quanto tempo que não vejo um habitante de Perfugium passar por aqui. Acho que a última vez, foi há uns 15 anos atrás. Mas o que traz vocês para esse ponto tão distante? Até onde sei, as leis de sua terra dizem que é expressamente proibido que explorem esses lados, ao qual vocês nomeiam de Unknown.
  - Estamos á procura de meu pai. Ele saiu para procurar um 
lugar melhor para vivermos há uns..... 15 anos ..... atrás.  Será que ?  
  - Ah sim, agora eu posso notar tal semelhança. Mesmos olhos, mesmo cabelo. Claro, o último habitante que eu avistei por aqui foi seu pai. Mas me desculpe, não tenho nenhuma informação. Ele ficou por aqui não mais de um dia, e depois nunca mais o vi. Porém, ele me disse que iria ao inferno em busca de novos lugares não habitáveis pelos fedidos. Falei pra ele que não havia tal lugar no inferno, pois eu mesmo ando por lá praticamente todo dia e nunca achei algo parecido com isso. Mas seu pai é teimoso, e mesmo assim seguiu em sua busca. Aliás, meu nome é Minoteu, antigo habitante de Perfugium, há uns 150 anos atrás pra ser mais específico.
  Essa última parte nos deixou surpresos, pois em Perfugium quando uma pessoa chegava perto dos seus 30 anos, ela já começava a mudar e envelhecer.  E nunca passava dos 100 anos. E esse tal de Minoteu, tem uns 150 anos, e um rosto de um jovem. Isso não pode ser verdade. Então Hidari falou:
  - Como? Isso é impossível, pare de contar mentiras. Vamos nessa Flameus, não há mais nada para fazer aqui.
 - Espere, Hidari. Talvez, exista mais coisas que não conhecemos fora de Perfugium. Minoteu, explique como você tem 150 anos e ainda vive, e com uma aparência jovem?
 - Isso aconteceu há muitos e muitos anos atrás, quando eu tinha aproximadamente 25 anos. Eu estava explorando o inferno quando encontrei um velho encostado em um carvalho, aparentemente muito cansado. Fui falar com ele, e quando encostei nele, ele simplesmente sumiu. Porém, quando olhei para minhas mãos, elas estavam com essa luz ao redor. Mas não só ela, meu corpo todo estava. Com o tempo, fui descobrindo mais coisas que eu podia fazer, como por exemplo clarear minha casa sem tochas, ou aparecer do nada na frente de vocês. Acredito que não envelhecer também seja uma conseqüência desses poderes.
 - Qual é Flameus, você vai acreditar nisso? Vamos embora. Não estou gostando nada disso aqui. - Disse Hidari.
Porém dessa vez Avia tomou a palavra:
 - Não Flameus, vamos ficar por aqui um pouco, se Minoteu permitir. Podemos descançar um pouco, pois acho que todos estamos exaustos.
 - Claro, Avia. Se Minoteu permitir, concordo com a idéia.
 - Podem ficar a vontade, e quanto tempo quiserem. Não é todo dia que tenho outras pessoas para conversar. – Falou Minoteu.
  E então, nos arrumamos para dormir e descansar depois de um cansativo dia.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Capítulo 2 (Continuação) - Grandes descobertas


 Quando chegamos de volta aos três tuneis, entramos no da esquerda. Esse túnel,
diferente do outro, parecia não ter fim. Andamos, andamos, descansamos, andamos...
até que depois de intermináveis passos, chegamos em uma espécie de vila. Haviam
casas por todos os lados, porém não parecia haver ninguém morando por ali. Será que
era onde o pessoal de Perfugium morava antes? Ninguém nunca havia citado
algo do tipo nas histórias, então acredito que não.
Avia, sempre medrosa, foi a primeira a se manifestar:
- Pessoal, não estou gostando do clima desse lugar. Vamos voltar para Perfugium,
por favor?
E Hidari não perdeu tempo:
- Que isso Avia? Agora que está começando a ficar emocionante, você quer pular
fora? Vamos explorar pessoal.
- Concordo com Hidari. Chegamos até aqui já, vamos continuar. Façamos assim,
Makael fica aqui com Avia e eu, Hidari e Flameus vamos dar uma olhada. – Falou
Castelar.
Makael e Avia concordaram com a ideia.
 Haviam diversas casas para explorar, porém uma única chamava atenção. Não
notamos ela da entrada da passagem, porque ela ficava escondida entre as casas
aparentemente abandonadas. Era uma casa cuidada, bonita, diferente das outras. E
aparentemente, haviam tochas acesas lá dentro. Concordamos em ir direto nela, para
verificar se havia alguém morando lá. Talvez fosse meu pai.
Batemos na porta. Nada. Castelar abriu a porta e entrou. Para nosso espanto, não
havia tochas lá dentro, porém tudo estava claro. Perfeitamente claro.
- Que coisa mais estranha é essa? – Disse Makael, na porta da casa com Avia,
fazendo todos quase morrerem de susto.
- É o que estamos nos questionando também, Makael – eu falei. - E vocês, por que
estão aqui?
- Avia decidiu que gostaria de participar também da aventura, e que o medo já
passou – Respondeu.
- Ok, então vamos nos separar e ver o que encontramos aqui dentro.
- Bele .... ... BOOOOOOOOOOM.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Capítulo 2 - Grandes descobertas


Aqui estamos nós, com todos os mantimentos e coisas necessárias para nossa
partida.
- Então , galera, vamos nessa! – Disse Makael, empolgado com a idéia de finalmente
conhecer um lugar novo e sumir das terras de Perfugium.
Avia ficou meio relutante, deu pra perceber pela expressão de seu rosto, mas foi algo
passageiro e um grande sorriso apareceu no seu rosto logo em seguida. Acho que
todos nós, por mais temerosos que estamos do que iremos encontrar pelo caminho,
estamos também excitados com o fato de vivenciar coisas novas.
Chegando na entrada que Makael encontrou para Unknown, ele confessou que a
entrada parecia um pouco diferente do que ele havia visto da primeira vez, mas logo
em seguida disse que talvez tivesse sido coisa da imaginação dele. Espero que seja só
isso mesmo.
Ao entrarmos na passagem, tudo se enegreceu. Decidimos não utilizar nossas tochas
por enquanto, e seguir no escuro mesmo. Aparentemente aqui tudo é normal. Um
caminho estreito, que vai dar sabe-se lá onde.
Depois de algum tempo de caminhada (não sabemos exatamente quanto tempo, pois
não temos o tempus mais para nos situar), Hidari avistou três caminhos ao fim do
nosso túnel, na qual levavam a três caminhos distintos. Decidimos votar para qual
caminho seguir, e não nos separar, pois isso nunca é uma boa idéia. Então, por
votação, ficamos com o túnel do meio, e lá seguimos adiante por mais um tempo.
Quando chegamos no fim, demos de cara com o topo de uma montanha, com vista
para o Inferno. Foi a primeira vez que nós cinco vimos como era o inferno. Eu
imaginava que avistaria milhares de fedidos vagando por lá, mas não. E não me
parecia um lugar tão feio quanto os habitantes de Perfugium relatavam. Claro, muitas
partes não se via nada além de barro, terra e rochas. Porem, podia-se avistar no
horizonte morros com uma cor esverdeada. Era uma cor mais bonita do que a cor
avermelhada que podíamos ver abaixo da montanha.
Pro lado esquerdo do final da caverna, haviam umas estreitas escadas que
aparentemente levavam para o topo da caverna. Eu iria seguir por ali, mas Hidari me
impediu:
- Flameus, se essas escadas estão ai, obviamente alguém as construiu. E se
chegarmos ao topo e dermos de cara com os sentinelas de Perfugium, iremos ser
punidos. E sabe-se lá qual tipo de punição ganharíamos. Eu voto para que voltemos
para os 3 túneis, e entremos em outro. Afinal, nossa busca é dentro de Unknown, e
não no inferno.
Flameus ficou pensativo por uns segundos, e respondeu:
- Você tem toda razão meu amigo, todos concordam com Hidari?
A resposta soou em alto e bom coro:
- Sim!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Capítulo 1 (Continuação) - O refúgio

 Me chamo Flameus. Minha mãe me disse que há muito tempo atrás as pessoas possuíam dois nomes, ou mais. Aqui em Perfugium temos só um. Minha mãe se chamava Abella.
 Tenho quatro amigos em quem confio aqui, e que já me deram sua palavra que irão comigo em busca de meu pai. Avia que tem 17 anos. É a mais esperta, porém a mais medrosa. Castelar, 19 anos. Impulsivo pra caramba, mas muito esperto. Hidari, 16 anos, cheio de disposição, porém age sem pensar muitas vezes. E por fim, Makael, 21 anos, meu melhor amigo. Assim como eu, Makael já está cansado de ficar preso somente nessa parte de Perfugium e acredita que Unknown não seja esse lugar que dizem ser. E por isso, ele é o mais determinado a partir. Avia, Castelar e Hidari só estão indo conosco porque nunca nos separamos, e não seria agora que iríamos! Palavras de Avia.
 Meu aniversário é daqui a 4 horas, e nossa fuga já está planejada.
 Aqui embaixo o tempo é controlado pela torre central. É uma torre enorme, e lá em cima se encontra o Tempus. Minha mãe falou que há muito tempo atrás, todo mundo ou quase todos tinham um desse, só que menor. Mas com o tempo a energia foi se acabando e eles pararam de funcionar. Foi ai que os Sapientem, que são as pessoas mais sábias de Perfugium, tiveram a idéia de construir o Tempus, para que não nos percamos nas contagens dos anos e dias e horas. Ele é basicamente alimentado pela luz da tocha do Inferno. Pelo que falaram todo dia a tocha fica sempre 1 hora apagada, que é o horário que é reposta a água dos rios do inferno. Chamam isso de chuva, mas também não sei o que é. Assim, quando o Tempus fica parado, os patrulheiros do tempo sabem que quanto ele voltar a trabalhar, devem acrescentar 1 hora.
 Quando os dois Ponteiros do Tempus se encontrarem na primeira linha do tempo será nossa despedida de Perfugium. Iremos em direção ao Oeste, que é onde há uma entrada para Unknown que não é vigiada. É uma passagem muito estreita, que foi descoberta por acaso por Makael. Bom, pelo menos esperamos que essa passagem nos leve para Unknown.
 Combinamos de nos encontrar na passagem, e levarmos comida, água e roupas. Afinal, sabe-se lá o que podemos encontrar ou quanto tempo podemos demorar. Melhor prevenir.
 Ah, esqueci de um detalhe importante: Nós de Perfugium conseguimos enxergar no escuro, porém apenas em preto e branco. Nada de cor, nada de vida. Por isso, preferimos manter as tochas acesas. Minha mãe falou que nós conseguimos essa habilidade com nossos antepassados, pois eles passaram muito tempo aqui embaixo no escuro e os olhos acabaram se adaptando ao ambiente escuro, mas nunca deixando de lado a visão como era antes, quando havia luz por todo lado.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Capítulo 1 (Continuação) - O refúgio

 Uma vez por semana um grupo de Perfugium vai pro inferno para trazer alimentos e água. Eles são treinados rigorosamente para essa função, pois uma vez lá em cima caso seja cometido algum erro, você nunca mais voltaria a Perfugium. Dizem que lá, o pessoal criou uma fazenda. Não consegui entender o que é isso, mas é ali que eles pegam os alimentos. Outra coisa que me explicaram mas eu não entendi é que eles plantam e colhem seus próprios alimentos, e que água não é um problema pois lá em cima ainda faz Sol, que me falaram que são as tochas do inferno, e assim eles conseguem alimentos sem problemas. O unico problema são os malditos zumbis. E com muita ênfase em malditos. Eu nunca vi um, mas conforme descrevem, eles são que nem nós, só que muito mas muito mais feios, deformados e fedidos.
 Ouvi histórias de que existe gente vivendo lá no inferno, entre os zumbis. Ninguém sabe como. Histórias essas relatadas por patrulheiros que juram de pés juntos que viram alguns grupos que não se pareciam com zumbis andando entre eles, como se os zumbis não fossem nem um pouco perigosos.
 Acho que hoje em dia o mundo é muito mais perigoso do que um dia já foi. Aparentemente pouco se conhece sobre o inferno, e muito menos sobre Unknown. Não se sabe se existem outros grupos, assim como o nosso, ai por fora, e ninguém daqui tem coragem suficiente para ir no inferno procura-los. Mas de uma coisa eu tenho certeza: Quando completar meus 16 anos irei atrás do meu pai. Minha mãe não aprovaria, mas ela já não está aqui entre nós. Dizem que ela foi para Caeli, um local para onde as pessoas vão quando se desprendem de sua carcaça. 

quarta-feira, 14 de março de 2012

Capítulo 1 - O refúgio

 Quando nasci, tudo já estava um caos. Pelo menos, foi isso que me disseram. Do nada, o mundo como era antes havia sido infectado por um vírus que acabou trazendo os mortos a vida. Isso tudo aconteceu há uns 500 anos atrás.
 Tenho 15 anos e sempre vivi aqui no subsolo. Me falaram que foi o único lugar em que conseguiram se manter vivos. Dizem que lá em cima, o mundo continua infestado por esses bichos, e que ir para lá é pedir para morrer.
 Aqui embaixo para mim é um lugar agradável, pois nunca conheci como esse mundo era antes do caos. Mas quem um dia lá em cima esteve, pede todo dia aos deuses para que eles mandem esses monstros embora, pois não se sabe se é pior morar aqui ou morrer. Se acham isso, porque não vão de encontro a morte então? Enfim, vai entender.
 Antigamente, falaram que o planeta se chamava Terra. Haviam fotos dele, do espaço, e ele era um planeta azul cheio de verde. E que ele é redondo, e o que faz a gente não cair é uma tal de gravidade. Não faço idéia do que seja, mas ainda bem que ela existe. Agora, a terra morreu. A terra lá em cima é chamada de Inferno. Me diziam que antigamente achava-se que o Inferno se localizava em algum lugar abaixo da terra. Grande ironia não? Mas talvez, seja verdade. Vivemos em Perfugium. Em Perfugium nunca faz dia. Não faço idéia qual a diferença entre dia e noite. Me explicaram que noite é quando nenhuma tocha esta acesa e dia é quando ela está. Disseram que antigamente, era algo parecido. Perfugium tem histórias de arrepiar. Dizem que há lugares aqui embaixo que talvez sejam tão piores quanto La no Inferno. Mas não sabem dizer, pois todo mundo que se aventura a explorar tais lugares, nunca voltou. Talvez tenham encontrado um lugar melhor pra ficar e não queiram compartilhar, ou talvez tenham se deparado com as histórias que o pessoal daqui volta e meia contam para as crianças. Eu particularmente acho bobagem, só uma maneira de colocar na mente da gente desde pequenos que não devemos ir para aqueles lados. Segundo minha mãe falou, meu pai um dia foi para lá para buscar um lugar melhor para nós e nunca mais voltou. E desde então eu venho martelando a ideia de um dia ir em direção a Unknown, em busca do meu pai. As leis de Perfugium deixam claro que é expressamente proibido ir para Unknown. Eles nem falam em punição, pois até hoje ninguém voltou para ser punido.